sábado, 20 de outubro de 2012

CONTEMPLAÇÃO DO SER EM QUESTÃO

Mãos dançam pelo ar submerso

Bocas se movem em angulo semi-aberto

Quase que por dizer, mas nada ao certo

Olhos se dirigem para um ponto cego

Mas ao fechá-los num gesto singelo

Desperta no outro o que estava quieto.



O fato de apenas ser não satisfaz

O que de você quer sempre mais.

A apenas existir-se e sentir-se

Olhar o que escorre do coração

Como entender?

Quantas vezes é preciso entender?

Entender o quê?



Ao olhar através das janelas fechadas

Um cenário de dor e amor

Uma borboleta que vôa

Uma criança que chora

A gentlieza do galanteador

A deselegância de um esnobe senhor

Na canção do músico de rua

Na ofensa da conservadora estúpida



A sutileza da linha tênue

A brisa das ondas sonoras

A visão sensibilizada majestosamente

A mente cheia de vazio e outroras

A péle aveludada ao deleite

A sensação da paz de costas.



Entre o céu e o inferno

Entre a cruz e o credo

Entre a parede e o martelo

Entre o distante e o mais perto

Entre o azul e o amarelo

Entre o imóvel e o inquieto

Entre a covardia e o duelo

Entre o amor e o ódio eterno

Entre a luxúria e o ser singelo

Entre a mentira e o mais sincero

Entre o homo e o hétero

Entre eu, você e todo o resto.

Está a essência excêntrica do ego

De tudo que julgamos disperso

Que na verdade é um manifesto

Da imperfeição e do incorreto.



Tem certas coisas na vida que não basta entender

É preciso ser leigo para poder viver

O conhecimento é uma arma letal de todos os tempos.

Uma ferramenta manipuladora do poder para os herdeiros

Um tormento para os gênios!
















(Aline Gaia - 2012)

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