segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Há tudo por fazer


O dia começou logo cedo
Abrir os olhos, olhar ao redor
Levantar e encarar a janela
Abrir a porta e sentir o cheiro do dia
Do orvalho, da manhã cinzenta e do ar renovado
Olhar paredes brancas amareladas
Contemplar um pássaro cantor na gaiola prateada
Ver as pessoas andarem apressadamente
Que não enxergam uma pequena flor em meio ao asfalto
Nem se quer reparou que eu estava ali do seu lado
Na varanda de pijama e uma caneca de café com leite na mão
O dia começou logo cedo
E eu sem saber por onde começar a viver esse dia
Não fiz planos mirabolantes e nem mesquinhos
Não esperei nenhum convite e nenhuma mensagem
Não continuei sonhando coisas belas como sempre o fiz
Não tive esperanças de encontrar pessoas suaves e sóbrias
Não fiz nenhuma prece para que o amor prevaleça entre os humanos
Não procurei olhar o lado bom das coisas
Não olhei absolutamente nada nem minha e nem de ninguém
A única coisa que consigo perceber é a cegueira que vai se perpetuando
É a ganância, ignorância, repugnância, irrelevância e desconfiança.
Isso me deixou num buraco fundo e sem fim, numa grande escuridão
Não consigo enxergar a luz das estrelas lá de baixo
Então comecei a escalar o buraco fundo novamente
Preciso fazer tudo de novo
Aprender todas as coisas mais uma vez
Olhar diferente para as coisas óbvias
Caí dez degraus dentro de mim
Então percebi que nada eu ainda fiz
Ainda há tudo por fazer.


(A.G –09/ 2012)