domingo, 2 de maio de 2010

DIÁRIO DA DONA DA BOCA VERMELHA


A boca que encanta

No canto do ouvido

Os lábios vermelhos da moça

Que encosta no umbigo

Do homem em busca de alguém,

Que não só por sexo gasta seu dinheiro

Mas também por um ombro amigo.


O que escorre da boca

É o desejo contido

De afanar os cabelos

Daquele galante vadio.

Mas tem que ter ética agora

Pois não é ele não

É um pobre coitado na fila

Em busca de diversão.


Gasta todo seu salário

Pela boca vermelha da moça

Que em meio de tantas bocas

Se perdem em poucos beijos

Com esse alguém desconsolado

Por pagar para ser tocado

E o sexo que se paga

Tem que ser bem feito

Não importa a boca vermelha.


Quem é o seu patrão?

São todos os outros;

Que pagam para ter sempre razão

Do meu ser, do meu corpo e do meu tesão.


(Aline Gaia dedica essa poesia para as mulheres que nasceram p/ satisfazer os homens -ou não- das outras. Frisando, a profissão mais antiga do mundo, sem um pingo de respeito, nem mesmo dos que dela usufruem).

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