À sua frente uma tela de algas
Em suas mãos pincéis de penas
Das pombas brancas
Que diariamente fazem-lhe visitas
Sem ultrapassar sua janela
E a cada pouso um pedaço de si fica
Para fazer companhia ao artista solitário
À espera da inspiração
De pintar um belo quadro
Como se compõe uma linda canção.
A criação vem à tona
Numa tarde chuvosa
Pinta uma casa de peixe
Com cores de vento
Que servem para dar movimento,
O aroma das estrelas
Importante este cheiro que clareia
A fragilidade das borboletas
Para texturas de cor violeta
O contorno da gota
Para emudecer a rigidez da pintura
A decomposição dos golfinhos
Para pulsar mais ruídos
A simetria de um tronco
Para desconfigurar o contorno
E o pintor termina a sua mais completa obra,
Ao amanhecer
No exato momento em que acorda.
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